Um dia quis ser bailarina, mas me quiseram pianista.
E foram as pontas dos meus dedos, não a dos meus pés, que dançaram sobre os teclados, e não sobre os tablados, vestidos de curtas unhas e não de tutu, todos os sonhos de menina.
Ninguém soube, eu era pequenina.
Um dia quis ter cabelos longos, mas me podaram vontades.
E foi trançando os fios dos meus sonhos, penteando e desembaraçando as minhas vontades que esperei crescer. A mim mesma e os cabelos.
Ninguém soube, eu era pequenina.
Um dia quis chinelos de contas de perolazinhas e sandálias de penduricalhos de sóis, estrelas e luas, mas me quiseram a noite escura sem astros dos sapatos.
E meus pés, meus olhos e meu coração andaram pelo escuro. Por um tempo.
Ninguém soube, eu era pequenina.
Um dia quis os olhos que olharam pra mim, castanhos esverdeados da cor do alto mar.
E por algum tempo, achei que pudéssem ser meus, não para olhar o mundo através deles, mas para serem o meu mundo e mergulhei nessa imensidão turva.
E quando beijei-os senti o gosto. O gosto do que não era meu.
Ninguém soube, eu era pequenina.
Um dia o tempo passou.
Mas as vontades não. Quis essas e tantas outras coisas e muitas consegui.
Achei que estava grande, crescida, por isso, eu podia. Todos acreditaram.
Ninguém sabe, ainda sou pequenina.
O Fotógrafo pedindo GENTILMENTE que se faça silêncio no recinto… rsrsrs!
E o silêncio se fez! Hahahahah!
Fotos: Ian dos Anjos
Texto: Minnie Anjos
Bjos e abraços apertados! ♥