Alguém disse uma vez (não me lembro quem, nem onde), que paixão é amar alguém criado por nós mesmos, ilusão voluntária.
Discordo. Para começar, amor e paixão são coisas claramente distintas para mim, inclusive podem ou não coexistir.
Para mim, estar apaixonado é quase como estar doente, do coração, da cabeça, do corpo e da alma que se cura apenas com a presença da pessoa por quem se está apaixonado.
Ficamos piegas, abobados, sensíveis, mas também fortes, astutos, audaciosos.
Usamos toda a nossa inteligência em arquitetar planos para conquistar uma única pessoa. Ficamos capazes de fazer coisas antes inimagináveis com o objetivo único de conseguir por minutos que seja a atenção de um único ser.
A paixão é sintomática: A presença causa cegueira da visão periférica, taquicardia e falta de ar; sentir, ouvir ou apenas ler a pessoa te deixa em estado de embriaguês; uma palavrinha proferida por aquela boca liberta um bando de borboletas no estômago; um cheiro arrepia a alma; até um simples pensar causa vertigem, sudorese, excitação...
Uma coisa assim q chega até a doer... o peito, a barriga, a alma, sei lá... uma dorzinha assim meio cosquinha!
E agente ri e chora, à toa, por pouco, por tudo e por nada...
Ou agente quer engolir o mundo, ou agente vive sem fome. Ou agente sonha muito ou nem consegue dormir. Ou agente quer a presença ou agente quer a morte!
Enquanto se está apaixonado, música vira alimento. Tem sempre uma trilha tocando ao fundo de todos os pensamentos e agente vive cantarolando.
Somos capazes de olhar e analisar a pessoa? Sim, é possível explicar, em parte...
O cheiro, um gesto, um olhar, a pele, as mãos, a boca, uma viradinha assim, uma mexidinha assim, não sei... o jeito de falar, de pensar, de agir... o jeito de existir!
Paixão pode ser grandona ou pequenininha, pesada ou levinha, arrebatadora ou paixãozinha, um trator ou uma pipa, tempestade ou brisa... ou tudo isso junto ao mesmo tempo e agora!
Pode crescer e encolher, o tempo todo, várias vezes. Ela nasce de repente e não escolhe o alvo... o órgão requisitado é o coração, um músculo burro e nada criterioso.
A paixão pode morrer, mas também pode ressuscitar, várias vezes numa única pessoa, às vezes em uma outra pessoa. Pode nascer na pessoa que você vai amar, ou na pessoa que você já ama, mas freqüentemente (com trema e tudo!) na pessoa errada! Na pessoa que não te nota, na pessoa que já tem dono, na pessoa que nem existe.
Paixão pode ser boazinha, mas pode também ser muito malvada. Sentimento não muito nobre, bastante egoísta, incoerente, mas inocente, possessivo, mas desinteressado, extremamente fiel e eterno até morrer.
É avassalador, arrebatador, quase insuportável, mas é delicioso de sentir. Há quem viva o tempo todo apaixonado, há quem nunca experimentou.
É tempero da vida, sofrimento voluntário, dor bem-vinda, terreno fértil para o amor.
Paixão também faz agente escrever esse monte de bobagens... suspirando!!!
Bom, o amor...
... o AMOR é outra coisa.
Um assunto para outro post.
Fotos: Ian dos Anjos
Texto: Minnie Anjos